segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Prezados, 

Eu sou só mais um dos quase 300 admiráveis estudantes que compõem o novíssimo curso de RI na Federal de Uberlândia. Sou participante da chapa 1, mas não estou presente na universidade neste momento. No entanto minhas considerações são aqui importantes porque tive a honra de participar do processo de formação e adaptação do grupo de estudantes que transformaram e buscaram melhoras no conturbado momento que vivemos enquanto curso dependente de poucos recursos mas que driblando as dificuldades burocráticas e as apatias alheias com muita vontade lutou e acreditou em novas possibilidades. 

Em 2010 tentamos juntar todo o pessoal que estava interessado em seguir um novo rumo e que acreditava que isso era possível. O grupo foi se formando e fortalecendo não a custa de meras reuniões, mas pelo esforço do debate, da crítica, das leituras, da participação e envolvimento com as questões que estavam em pauta no movimento estudantil. A escolha por esse envolvimento se deu pela percepção clara que o curso de Relações Internacionais da UFU não é e nem poderia ser algo com fim em si mesmo, que sua criação e os investimentos que decorreram para sua existência estão dentro de um momento político específico de expansão da universidade publica e margeado de outras questões importantes – como a criminalização dos movimentos sociais, as atuais estruturas de decisão nas universidades públicas e etc.

Acredito na representatividade enquanto dinâmica que é pluralista e agregadora. Um dos problemas que discutimos no inicio era a necessidade de tornar mais estreita as relações internacionais de cursos como Geografia, Direito, História, Ciências Sociais, e (porque não) Filosofia, Música e Artes Visuais. A nossa intenção é buscar formação enquanto internacionalista que não apenas atende aos interesses do conhecimento puramente acadêmico e voltado para os conceitos e definições próprias da ciência RI. Mas, que também dialoga com as tradicionais e mais consolidadas áreas do conhecimento que são INERENTES aos estudos internacionais ( os estudos jurídicos, sociológicos, as manifestações artísticas, . Para isso desenvolvemos durante nossa gestão palestras que trouxessem para a frente do microfone os nossos professores especialistas nas RIS, mas também outros indivíduos – professores, alunos, membros de movimentos sociais, profissionais variados – para alargar fronteiras e conceitos pré-estabelecidos que são próprios do senso comum, da grande mídia, ou das reproduções de discursos hegemônicos.

Não se cria representividade em RI para simplesmente reforçar o curso de RI. Essa é uma visão extremamente simplista, que não observa o quão relevante são as lutas nos seios de temas como meio ambiente, problema de moradia nas grandes cidades, busca de maior participação na agenda pública (seja ela na universidade, nos centros de saúde, nas instituições culturais, e outros espaços) , o direito dos povos indígenas, a falta de compromisso social do Estado por meio das privatizações, etc. E o quão importante elas são para as próprias relações internacionais, digo, o objeto de estudo pelo qual se baseia o curso. Se abster de uma face política, engajada, reformista ou ao menos crítica da realidade, do seu entorno, torna um grupo, tudo, menos representativo. Isso faz parecer que tudo aquilo que é GLOBAL é algo muito distante ou quase alheio ao que é LOCAL. Sendo que a construção daquilo que é global não se dá apenas nas organizações intergovernamentais e nas grandes corporações, mas também na reivindicação e dos debates que ocorrem na sociedade civil e nos impactos que eles possuem nas mídias regionais, internacionais, nas páginas da internet, nos programas de televisão, nos discursos dos parlamentares, e na políticas externas dos países. Aquilo que defendemos e propomos como pautas relevantes são frutos das crenças que norteiam o nosso entendimento das relações internacionais. Acredito que a gestão que construímos aprendeu a enxergar toda essa possibilidade e tomou vigor para se tornar muito mais representativa.

Daniel Martins 
integrante da chapa 1

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